A região activa 10486 deu origem a uma espectacular fulguração solar de classe X17.2 a 28 de Outubro de 2003, seguida de uma ejecção de massa coronal que atingiu a Terra no dia seguinte. A 4 de Novembro, a mesma região, que se encontrava já no horizonte solar, deu origem à maior fulguração alguma vez observada por satélites e que saturou os instrumentos que a detectaram. Estima-se que seja de classe X28. Crédito: SOHO/EIT, SOHO/LASCO (ESA & NASA). A última semana vai entrar para a história da observação solar. De facto, nunca antes tinha ocorrido num período tão curto uma série tão intensa de erupções como a que se verificou desde o dia 28 de Outubro. Uma região conhecida como região activa 10486, já então sob o escrutínio de vários satélites de observação do astro-rei da
NASA
e
ESA
, e na qual se localiza um grupo de manchas solares com o tamanho equivalente a 10 vezes a dimensão da Terra, produziu no dia 28 de Outubro uma explosão na direcção da Terra classificada como a terceira mais potente observada desde os primórdios da observação solar espacial (a partir do início dos anos 70). Apenas duas
fulgurações
solares mais intensas que esta (até ao dia 28 de Outubro, isto é...) haviam ocorrido na era moderna: uma em 1989 (que provocou então a queda do sistema de distribuição de energia para cerca de 6 milhões de pessoas durante 9 horas no Canadá) e outra em 2001 (sendo que esta última ocorreu numa direcção que não a da Terra, não tendo produzido efeitos observáveis).
A fulguração de dia 28 de Outubro causou, entre outros fenómenos, uma ejecção de
massa
coronal - o envio de uma grande quantidade de partículas - na direcção do nosso
planeta
que atingiu a
magnetosfera
e
ionosfera
terrestres cerca de 24 horas após o início da sua travessia do espaço a cerca de 1000 km/s (3,5 milhões de quilómetros por hora). As partículas, ao colidirem com as camadas superiores da
atmosfera terrestre
, deram origem a
auroras
boreais sem precedentes, desde os estados mais a sul dos Estados Unidos (como a Califórnia e o Texas) até à Europa Central, e mesmo ao norte de Espanha - algumas das imagens tiradas por cidadãos foram recolhidas pela NASA, estando acessíveis em
http://spaceweather.com/aurora/gallery_28oct01.html Desde o dia 28 de Outubro até ao dia 4 de Novembro, ocorreram ainda uma série de fulgurações menores, incluindo uma de classe X10 (a nona mais potente jamais observada), e uma série de fulgurações de classe X8 (dia 2 de Novembro), X3 (3 de Novembro) e X2 (3 de Novembro).
Mas a actividade do
Sol
não ficou por aqui. Terça-Feira, dia 4 de Novembro, às 19.46GMT, enquanto a agora famosa região 10486 desaparecia no horizonte solar (o Sol tem um período de rotação de cerca de 27 dias), o Sol produziu aquela que se tornou quase imediatamente na maior explosão solar jamais observada por um satélite, e que saturou durante 11 minutos os sensores dos satélites GOES da NOAA (Administração Oceanográfica e Atmosférica dos Estados Unidos), que observam o Sol numa
órbita
a cerca de 1,5 milhões de quilómetros da Terra. Embora a explosão fosse direccionada na perpendicular à direcção da Terra, a violência desta explosão foi tal que originou um
blackout total de comunicações em onda curta no nosso planeta, deixando os satélites da NOAA incapazes de medir a sua intensidade. A melhor estimativa publicada pelo NOAA, segundo os dados actualmente disponíveis, é que a explosão terá atingido o nível X28, embora se especule que poderá ter atingido valores superiores. Para a história ficará, em todo o caso, o título com que no dia 5 de Novembro o sítio na internet da missão
SOHO
(Observatório Solar e Heliosférico) da ESA e NASA anunciava a observação deste fenómeno:
"X-Whatever Flare!" - o que significa, numa tradução livre, "Explosão de Classe X-o-que-quer-que-seja!".
A
actividade solar
varia segundo um período de 11 anos, no pico do qual é comum ocorrer com maior
frequência
o tipo de explosões que foram observadas nos últimos dias. O último pico de actividade solar ocorreu em 2001, tendo a actividade solar estado a diminuir desde então, razão pela qual o período dos últimos dias é considerado ainda mais surpreendente. O próximo mínimo solar deverá ocorrer em 2006/2007.
O sistema de medição da intensidade das fulgurações solares é baseado na irradiância (W/m2) do Sol numa banda pré-definida de frequências de
raios-X
. A classificação possui 5 níveis-base, estendendo-se desde o nível A (10
-8W/m
2) ao nível X (10
-4W/m
2), passando pelos níveis B (10
-7W/m
2), C (10
-6W/m
2) e M (10
-5W/m
2). O algarismo que se segue à classificação é simplesmente o valor máximo observado da irradiância, dividido pelo valor associado ao nível-base. Desta forma, as explosões de 1989 e 2001 atingiram o grau X20 (20x10
-4W/m
2), enquanto que a explosão de 28 de Outubro atingiu o grau X17 (17x10
-4W/m
2). Segundo as estimativas do NOAA, a fulguração de dia 4 de Novembro poderá ter atingido o nível X28, o que corresponde a 28x10
-4W/m
2 de pico!
Fonte da notícia:
http://sohowww.estec.esa.nl/
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